Pesca

Tempo seco é esperança de safra na Colônia Z-3

Expectativa depende de como vão se comportar as chuvas entre janeiro e fevereiro de 2020

Paulo Rossi -

Ao mesmo tempo em que a previsão de clima seco preocupa setores da agricultura e pecuária na Região Sul, pode ser um fator decisivo para a safra do camarão na Lagoa dos Patos. Para ter as redes cheias, é necessária a combinação desse tempo seco com a direção do vento, num movimento que a água salgada entre na lagoa para trazer também corvinas e tainhas. A pesca do camarão fica autorizada a partir de fevereiro.

Entre as conversas na Divineia, onde os barcos ficam ancorados na Colônia Z-3, o assunto é que ora a lagoa está salgada, ora não. O tempo seco que se avizinha neste verão gera boa expectativa entre os pescadores. No ano passado, chuvas no final de janeiro e no início de fevereiro frustraram a safra.

“Se mantiver assim, pode ter safra. Tudo depende da natureza”, comenta Francisco Ribeiro, 70 anos e quase 60 de experiência - é pescador desde quando tinha 11 anos. Francisco explica as condições: vento Sul, para “crescer” o oceano em direção à lagoa, e quase nada de chuvas no Estado, cuja interferência aumenta ou diminui a incidência de água doce por aqui.
Antes, o famoso vento “Nordestão” é necessário para jogar em direção ao mar as águas das chuvas de outubro, que, pela sua experiência, ainda influenciam neste final de ano nas condições da Lagoa dos Patos. O pó da rua que invade as casas da Z-3 não pode ser motivo de reclamação, conclui o pescador.
Verão sinônimo de renda
O pescador Altemar Donini, 48 anos, faz os cálculos do investimento para colocar o barco na água. A conta inclui alimento para os seis tripulantes, centenas de litros de óleo e quase um caminhão de gelo. “Está difícil fechar as contas sem prejuízo, porque já viemos de uma safra que não foi boa”, comenta, numa relação de ganhos com o pescado. As condições precisam estar praticamente perfeitas para a viagem valer a pena e voltar com o barco cheio.
“Se não chover mais e o vento colocar a água salgada para dentro (da lagoa), vai ter safra e vamos equilibrar as contas do ano passado”, faz os planos. O momento é de organizar as redes e se preparar para o verão. Mas ele não esconde: a vida do pescador é difícil. “Não é fácil. Antes, quando tinha o Ecocamping, movimentava todo o comércio daqui, como uma alternativa no verão; agora não tem mais”, reclama.
Enquanto a agulha de plástico tece a rede, Nadir Viegas, 53, projeta o verão com outros companheiros de pesca. Sempre atentos ao tempo, à formação de nuvens e à direção do vento, a safra ainda é uma incerteza, apesar dos elementos que trazem esperança para a comunidade que sobrevive da atividade da pesca. “A última safra forte foi em 2018. Ano passado parecia que ia dar, em cima da hora choveu”, fala com receio, e complementa: “Se mantiver assim, pode ter, mas tudo é possível”.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Suspensa alteração nas linhas Guabiroba, Cohab e Frontino Vieira

Bom Ano-novo para eles também Próximo

Bom Ano-novo para eles também

Deixe seu comentário